Modelagem Computacional
Um modelo é uma estrutura
que um indivíduo constrói para representar fatos do mundo real ou imaginário.
Para cada modelador existe uma modelo
mental básico (a visão ou imagem que o modelador tem do sistema
real) a partir do qual é construído um modelo específico simplificado. Sendo
assim, uma mesma realidade pode ser modelada por mais de uma maneira e,
geralmente, tais modelos são mais simples que a realidade que eles representam.
Modelagem pode ser definida como o processo de construção de um modelo, que possui um conjunto de regras que governam o funcionamento de suas partes e o estabelecimento de relações entre entidades importantes de um sistema.
Os
sistemas de modelagem podem ser classificados em dinâmicos ou estáticos.
Dizemos que um sistema é dinâmico quando ocorrem mudanças com o passar do
tempo. Caso contrário, ele é dito estático, como por exemplo um modelo de avião,
de um livro. No presente trabalho iremos nos deter em modelos dinâmicos.
A
construção dos sistemas dinâmicos pode ser enriquecida com a utilização de ferramentas
computacionais, que possibilitam maiores facilidades na construção e na experimentação dos modelos.
De
acordo com Bliss & Ogborn (1992), os modelos podem ser classificados em:
Modelos Quantitativos - são modelos que necessitam de uma descrição
matemática, onde o aluno deve estabelecer uma relação matemática (algébrica)
entre as variáveis. Por exemplo, se o aluno quiser saber a trajetória de uma
bola de basquete em direção a cesta, deve fornecer a equação equivalente
para tal. Sendo assim, só é possível se fazer uma completa análise de um
modelo se a pessoa tiver um bom conhecimento matemático.
Modelos Qualitativos - São baseados numa especificação dos
objetos e suas relações no mundo. Nós estamos bastante familiarizados com
este tipo de mecanismo, pois são utilizados para explicarmos como as coisas
funcionam no nosso dia-a-dia. Alguns exemplos são os jogos e programas para
elaborar histórias infantis.
Modelos Semi-Quantitativos - São baseados em descrições de objetos e eventos de uma forma mais ordinal do que numérica, da forma “X aumenta Y” ou “X diminui Y”. São bastante utilizados no nosso dia-a-dia também, como por exemplo, “Se o número de carros numa estrada aumenta então a fila de engarrafamento aumenta também . Se aumentarmos o número de estradas a fila de engarrafamento diminui”. Apesar de não fornecer um resultado matematicamente preciso, servem para externalizar importantes informações de como as coisas mudam e ocorrem.
Modelagem
em Educação
A utilização de ferramentas
computacionais na elaboração de modelos oferece aos alunos um ambiente propício
à construção de seu próprio conhecimento, com a possibilidade de testar,
verificar e argumentar proposições.
Segundo Joan Bliss, existem
dois tipos de aprendizado:
Exploratório
– Permite ao aluno explorar as idéias e conhecimentos de outras pessoas sobre
determinados assuntos. No caso de modelagem dinâmica, o modelo é elaborado
pelo professor ou por um especialista. O aluno utiliza este modelo como uma
ferramenta de aprendizagem, testando e refletindo sobre suas próprias idéias.
Expressivo
– Permite ao aluno representar suas próprias idéias sobre determinado
assunto. No caso de modelagem dinâmica, o aluno constrói seu próprio modelo,
experimentando e refletindo sobre ele.
De acordo com estas
classificações, podemos dizer então que nas atividades exploratórias
(modelos exploratórios) o aluno trabalha com um modelo já existente, e nas
atividades expressivas (modelos expressivos), o aluno cria seu próprio modelo,
explorando-o a seguir. São atividades diferentes, porém complementares no
processo de aprendizagem.
A utilização dessas ferramentas na educação valoriza o processo de construção de conceitos, e não simplesmente a memorização. Através da modelagem o aluno pode representar um novo modelo mental, modificar os já existentes ou substituir os anteriores por outros mais completos, criando um ambiente desafiador e questionador. O aluno é elemento ativo na construção de seu próprio conhecimento.
A utilização de ferramentas
de modelagem dinâmica em sala de aula possibilita a realização de
experimentos antes apenas ilustrados nos livros, evitando que alunos e
professores façam verdadeiros malabarismos para compreender, simular, manipular
e construir determinados conceitos. Fornecem aos alunos a possibilidade de
representar seus modelos mentais.
A seguir, citaremos algumas ferramentas computacionais:
STELLA
STELLA
(Structural Thinking Experimental Learning Laboratory with Animator) é uma
ferramenta quantitativa que utiliza a
metáfora de tanques, válvulas e canos, permitindo aos usuários criarem suas
próprias simulações. Não exige nenhum conhecimento prévio sobre modelagem
computacional, sendo necessário somente o fornecimento das relações algébricas
(equações).
Com a combinação dessas
ferramentas podemos criar um modelo de sistema dinâmico com componentes
animados, gráficos e tabelas. Todos esses elementos podem ser modificados, caso
haja necessidade.
Essas estruturas podem ser alteradas até que se chegue na sua melhor forma, permitindo que o aluno construa seu conhecimento, encorajando-o ao aprendizado e a descobertas.
IQON
Com a utilização da ferramenta IQON (Interacting Quantities Omitting Numbers), o indivíduo cria e nomeia as variáveis, especificando as relações entre elas. É uma ferramenta de modelagem semi-quantitativa, onde nenhuma equação é escrita. Neste ambiente a principal tarefa é interpretar os diagramas causais para construir um modelo matemático dinâmico, cujo comportamento corresponda as expectativas de quem modela.
VISQ
VISQ (Variáveis que
Interagem de modo Semi-Quantitativo) permite a criação de modelos
semi-quantitativos e a sua função é animar diagramas causais. As variáveis são
representadas por caixas que possuem internamente uma barra vertical que
representa um valor qualitativo. Existe também a possibilidade de observar gráficos
simultâneos coloridos da evolução temporal das variáveis do modelo.
Esta ferramenta é uma versão implementada e modernizada de IQON. Foi desenvolvida no projeto “Desenvolvimento e Uso de Ferramentas Computacionais para o Aprendizado Exploratório de Ciências” , sendo o coordenador o professor Arion de Castro Kurtz dos Santos.
WLINKIT
É
uma ferramenta de modelagem dinâmica semi-quantitativa, onde não é necessário
profundo conhecimento matemático para se utilizar. O usuário deve somente
relacionar as variáveis (objetos) e o sistema encontra as equações matemáticas.
Sendo assim, permite que seja usada uma linguagem bem usual.
É
uma versão para Windows da ferramenta de nome Linkit, desenvolvida por Fábio
Ferrentini Sampaio em sua tese de doutorado de título: “LINKIT:
Design Development and Testing of a Semi-Quantitative Computer Modeling Tool" no
Departamento de Ciência e Tecnologia do Instituto de Educação da Universidade
de Londres, Inglaterra, em outubro de 1996.
Para
criar um modelo, o usuário deve definir as variáveis e os relacionamentos
e, atribuir a eles características
que influenciarão no aspecto funcional dos objetos e eventos. O sistema
executa a simulação deste modelo em duas etapas: primeiro escolhe a equação
que irá controlar o comportamento do modelo. Esta equação não é visível
para o usuário e é escolhida de acordo com as características definidas
anteriormente. O segundo passo é fazer o modelo evoluir com o passar do tempo
pelo cálculo e repetição destas equações. Durante este processo, o usuário
avalia visualmente o modelo observando as mudanças ocorridas com os objetos e
obtém também um resultado gráfico. A velocidade de animação da simulação
pode ser controlada, caso seja necessário uma avaliação mais detalhada.
MODEL-IT
Model-it
é uma ferramenta desenvolvida para a construção de modelos dinâmicos
qualitativos. Inicialmente o estudante deve selecionar ou criar objetos (variáveis),
que possuem representações visuais, retratos ou fotografias e definir as
características associadas a cada objeto. A seguir, criar os relacionamentos
entre as variáveis. Quando é
feita uma simulação do modelo, é possível também a visualização de um
resultado gráfico.
MODELLUS
É
uma ferramenta de modelagem, simulação e cálculo. Esta ferramenta é indicada
especialmente para professores de matemática dos ensinos fundamental, médio ou
superior. Possui diversas formas de visualização dos resultados, podendo ser
de modo gráfico, animações ou tabelas.
Para
construir um modelo, é necessário que se digite as equações matemáticas
da mesma forma que elas são escritas no caderno e que se selecione a forma de
visualização dos resultados. Assim, pode ser classificada como sendo uma
ferramenta de modelagem dinâmica quantitativa.
Foi criada por Vitor Duarte Teodoro com a colaboração de João Paulo Duque Vieira e Filipe Costa Clérigo.
PLANILHA
ELETRÔNICA
Ferramenta de modelagem dinâmica quantitativa que inclui gráficos, funções de banco de dados e uma linguagem de programação “macro”. Pode ser utilizada em pesquisa e ensino de ciências. De acordo com Brosnan (Brosnan [1989/1990] apud. Santos [1995]), existem dois fatores complicantes: 1) o usuário tem que começar escrevendo equações e, 2) o fato de não poder visualizar os processos que estão sendo modelados.
WORLDMAKER
O conceito desta ferramenta
deriva dos autômatos celulares de Von Neumann, que consiste num conjunto de
células. O estado de uma célula é determinado por seu estado atual e pelo estado das células vizinhas, de acordo com as regras estabelecidas.
Esta ferramenta de modelagem
semi-quantitativa foi desenvolvida com o propósito de modelar não variáveis,
mas objetos e eventos. É ideal para trabalhar com crianças de idades menores
(8 a 12 anos).
David Paul Ausubel
Segundo Ausubel a aprendizagem só é significativa quando baseada na bagagem que o indivíduo já possui.Ausubel preocupa-se com a aprendizagem que ocorre na sala de aula da escola. O fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe. Para que ocorra a aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo, funcionando como ponto de ancoragem.
Processo de interação = conceitos mais relevantes e inclusivos interagem com o novo material funcionando como ancoradouro (abrangendo e integrando esse material e modificando-se em função dessa ancoragem).
Aprendizagem Significativa - conceito central de sua teoria
- processo através do qual uma nova informação relaciona-se com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Ou seja, a interação da nova informação com uma estrutura cognitiva específica ( conceito subsunçor< subsumer)
- a aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou proposições relevantes preexistentes na estrutura cognitiva do indivíduo.
- o armazenamento de informações no cérebro é altamente organizado formando uma hierarquia na qual elementos mais específicos de conhecimentos são ligados ( = assimilados) a conceitos mais gerais, mais inclusivos.
- Estrutura cognitiva = estrutura hierárquica de conceitos que são representações de experiências sensoriais do indivíduo
Aprendizagem Mecânica ( automática)
- aprendizagem de novas informações com pouca ou nenhuma associação a conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva
- a informação é armazenada de maneira arbitrária, não há interação entre a nova informação e aquela já armazenada, fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva sem ligar-se a conceitos subsunçores específicos.
Jean Piaget e o Construtivismo
Jean
Piaget é considerador por muitos autores como o principal ícone de uma
abordagem Cognitivista. É assim que a professora Mizukami (1986) a classifica.
Podemos considerarar a pesquisa de Piaget como sendo um dos alicerces do
Construtivismo, assim como o trabalho cognitivista de David Ausubel. Não
podemos deixar de citar outros autores construtivistas de grande valor para um
fundamento didático : Constance Kamii, Vygotsky, Wallon, Emilia Ferreiro e
Lauro de Oliveira Lima.
Segundo Jean Piaget (1976 a), a evolução
do conhecimento científico teve três fases bem claras:
Piaget determinou que o conhecimento humano é construído em algumas fases da vida :
Fase Empírica :
a humanidade viveu séculos sem se preocupar muito com as explicações do
“porquê” dos fenômenos, pois o homem mais praticava do que explicava.
Fase Gnóstica : iniciada com os Gregos, fase em que o homem tentou
explicar racionalmente os fenômenos. Marcada como início do nosso conhecimento
científico ocidental.
Fase da aplicação na indústria : segundo Piaget, mais recentemente, a
ciência não pergunta mais somente “por que acontece este ou aquele fenômeno”.
Ela quer saber é “para que serve esta explicação científica”.
Toda a obra piagetiana
demonstra que este também é o percurso natural de desenvolvimento da inteligência
de cada ser humano. Há uma fase em que a criança tem uma inteligência prática
– ela é mais adiantada em ação do que em palavras; há outra em que ela faz
afirmações a respeito do mundo sem se preocupar em demonstrar ou justificar; e
há outra fase em que a pessoa realiza uma auto-submissão a uma disciplina
qualquer, aplicando a si própria um plano de vida (PIAGET, 1976 b).
O que se pergunta, então, é: por que a escola não dá
tempo para o aluno manusear algo, antes de ele compreender a explicação científica?
Piaget jamais criou um método de ensino. No entanto,
qualquer que seja o interesse de aplicarmos esses fundamentos, deveríamos
chegar a um ensino que tivesse as seguintes características (cf. RONCA e
ESCOBAR, 1980):
Jerome Bruner
Pressupostos da teoria de Bruner:O Behaviorismo de B. F. Skinner
Para Skinner a aprendizagem seria basicamente uma
mudança de comportamento. O mais importante seria, depois de se ensinar, pedir
que o estudante execute o que se ensinou e corrigi-lo imediatamente. A esta sequência
de eventos Skinner chamou de contingências do reforço.
Apesar de ser uma abordagem muito controvertida, ela é
bastante atual.
Robert Gagné Voltar
“A teoria de Robert Gagné é baseada numa visão behaviorista: Sua teoria contém as seguintes idéias:
· A aprendizagem causa uma mudança observável no aluno
· As habilidades devem ser aprendidas uma de cada vez.
· Cada nova habilidade aprendida deverá ser construída com base nas habilidades adquiridas anteriormente.
A aprendizagem e conhecimento são ambos hierárquicos por natureza”.
O
modelo teórico de Gagné, refere-se aos temas: (Conceitos de Aprendizagem,
Processos de Aprendizagem e Descrição de Tarefas de Instrução)
Campos
de aprendizagem, segundo Gagné
(Merchán,2000
– p.119)
Habilidades Motoras Atitudes Informação Verbal Estratégias Cognitivas Capacidades Do
Individuo
Habilidades
Intelectuais
Teorias Unitárias tudo se aprende da mesma forma |
Teorias Múltiplas |
Modelagem
Ogborn, J., 1992. Modelling with the Computer at All Ages.
Sampaio, F. F., 1998. Modelagem Dinâmica Computacional e o Processo de Ensino-Aprendizagem: Algumas Questões para Reflexão.
Sampaio, F.F., 1996. "LINKIT: Design Development and Testing of a Semi-Quantitative Computer Modeling Tool”,.
Kurtz dos Santos, A. C. , 1995. Introdução à Modelagem Computacional.
Kurtz dos Santos, A. C. , 1996. Students Modelling Environmental Issue.
VISQ: Fundamentação Teórica: http://www.sf.dfis.furg.br/profecomp/15.htm
Teoria de Aprendizagem
Moreira, M. A., Teorias de Aprendizagem : (http://www.if.ufrgs.br/public/ensino/livros/Livro2.htm)
Planeta Educação (http://www.planetaeducacao.com.br/professores/suporteaoprof/pedagogia/teorias00.asp)
Teorias de Aprendizagem e Software Educativo (http://educar.no.sapo.pt/teorias.htm)
Teorias da Aprendizagem (http://www.ufv.br/dpe/edu660/resteapiaget.html)
Mizukami, M. G.N., 1986. Ensino: As abordagens do Processo. São Paulo, EPU.
Ausubel, D. P. (http://sites.uol.com.br/rdefendi/ausubel/ausubel3.htm)
Piaget, J., 1976 a. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro, Forense.
Piaget, J., 1976 b. Seis Estudos de Psicologia. Rio de Janeiro, Forense.
Carrara, K. - Acesso a Skinner pela sua própria obra: Publicações de 1930 a 1990, UNESP / Marília (http://www.lexxa.com.br/users/behaviorism/carrara.htm#)
Domingos, A.L. Resumo de introdução à psicologia. Assunto: Principais teorias da psicologia – Behaviorismo, Gestalt e Psicanálise. Conceitos comuns na psicologia.
Ronca e Escobar, 1980. Técnicas Pedagógicas. Petrópolis, Vozes.
Links Sobre o Assunto:
Visite os Archives Jean Piaget da Universidade de GENEBRA. Veja toda a obra do autor, nos vários idiomas para os quais ele foi traduzido, bem como os prefácios que ele escreveu, obras a seu respeito, biografia, etc.
BELLO, José Luiz de Paiva. “A teoria básica de Jean Piaget”. Dá informações biográficas e repassa idéias centrais da sua teoria e mostra ainda um glossário de termos piagetianos. http://www.pedagogia.click2site.com/piaget.htm
COGNITIVE PSYCHOLOGY AND IT’S APPLICATION TO
EDUCATION.
Assunto: Teoria do cognitivismo. Evolução do ensino cognitivista. Teorias
de Gestalt, Eduard Tolman e Teoria do Desenvolvimento de Jean Piaget. Inclui
vários sites sobre cognitivismo.
http://129.7.160.115/inst5931/COGNITIVE.PSY
Construtivismo e sua relação com novas tecnologias. Livro sobre o desenvolvimento do Construti- vismo e sua relação com as novas tecnologias de informação disponibilizado integralmente na internet. http://penta.ufrgs.br/~luis/Ativ1/AmbApc.html
Teorias de Aprendizagem : Jerome Bruner (http://phoenix.sce.fct.unl.pt/jmmatos/MESTREM/MEMHTM/AP5.HTM)
Teorias de Aprendizagem : Jerome Bruner (http://phoenix.sce.fct.unl.pt/jmmatos/MESTREM/MEMHTM/AP5.HTM)
A Teoria da Aprendizagem Verbal : Robert Gagne por Celita Parreiras
( http://www.geocities.com/celitaparreiras/versig.htm
)
Model-It:
http://hi-ce.eecs.umich.edu/sciencelaboratory/modelit/
Stella:
http://www.hps-inc.com/
Modellus:
http://phoenix.sce.fct.unl.pt/modellus/