DINÂMICA
DE SISTEMAS
Diagramas de ciclo causal
Os diagramas de ciclo causal (ou diagramas causais)
representam os elementos de um sistema e a relação
entre eles. Utilizam a linguagem de elos fechados que permitem ao
aluno expressar, com poucas palavras e setas o seu entendimento
do problema, ou seja, seu modelo
mental. Mostram o caráter da relação
entre cada par de conceitos e buscam a resolução de
problemas. Existem dois tipos de enlaces: os reforçadores
e os de equilíbrio
.
Exemplo1:
suponha que queira representar o relacionamento entre "nascimentos"
e "população". Um primeiro esboço
de um diagrama causal mostrado na figura 4 abaixo, expressa que
a taxa de nascimentos influencia o tamanho da população
e que a população influencia a taxa de nascimento:
Figura 4 - Esboço do diagrama causal do exemplo 1
Este diagrama acima esquematiza um relacionamento entre"nascimentos"
e "população", mas não está
mostrando de que forma cada uma das variáveis está
influenciando a outra.
O diagrama causal da figura 5 abaixo mostra através da seta
que vai de "nascimentos" para "população"
com o sinal "+" que quanto maior a taxa de "nascimentos",
maior será a "população"(ou quanto
menor a taxa de "nascimentos", menor será também
a "população").
Este sinal "+" na seta indica que as duas variáveis
envolvidas têm o mesmo comportamento, melhor dizendo, a mudança
das duas variáveis ocorre sempre na mesma direção.
Também existe uma seta com sinal "+" de "população"
para "nascimentos", indicando que quando ocorre uma mudança
no comportamento da "população", também
ocorrerá uma alteração em "nascimentos"
no mesmo sentido.
Este tipo de diagrama está caracterizado como um enlace
de reforço.
Figura 5 - Diagrama causal do Exemplo 1
Exemplo2:
representação das relações entre fome
e consumo de comida.
Figura 6 - Esboço do diagrama causal do exemplo 2
Este diagrama esquematiza um relacionamento entre"fome"
e "consumo de comida". Mas não está mostrando
de que forma cada uma das variáveis está influenciando
a outra.
Neste exemplo, quanto maior a fome, maior será o consumo
de comida e quanto maior o consumo de comida, menor a fome. Logo,
esta situação fica melhor representada da seguinte
forma:
Figura 7 - Diagrama causal do exemplo 2
O diagrama causal da figura 7 mostra através da seta com
o sinal "+" que vai de "fome" para "consumo
de comida" que quanto maior a "fome", maior será
o "consumo de comida"(ou quanto menor a "fome",
menor será também o "consumo de comida").
Logo, a segunda variável terá sempre o mesmo tipo
de mudança sofrida pela primeira variável.
No entanto, a seta com sinal "-" de "consumo de comida"
para "fome", indica que a mudança na variável
que está na origem da seta causará uma alteração
no sentido contrário na segunda. É razoável
pensarmos que quanto maior o "consumo de comida" menor
será a "fome".
OBS: o sinal "-" não indica que a variável
destino da seta sempre será diminuída, mas sim que
terá um comportamento contrário ao da variável
de origem.
Este tipo de diagrama está caracterizado como um enlace
de equilíbrio
Exemplo3:
representação das relações entre população,
nascimentos e mortes.
Figura 8 - Diagrama causal do exemplo 3
A população é afetada pelos nascimentos e mortes.
No primeiro elo, o sinal positivo indica que quanto mais nascimentos,
maior será a população e que quanto maior a
população, maior o número de nascimentos.
No segundo elo, o sinal positivo indica que quanto maior a população,
maior o número de mortes e o sinal negativo indica que quanto
mais mortes, menor será a população.
O primeiro elo é um exemplo de enlace
reforçador e o segundo, um enlace
de equilíbrio.
Exemplo retirado do site:http://www.sf.dfis.furg.br/profecomp/artigos/ambed97a.pdf
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Enlaces reforçadores ou positivos
Os enlaces reforçadores caracterizam um
crescimento ou declínio a uma taxa sempre crescente. São
conhecidos como elos de
retroalimentação
positivo já que geram um ciclo("loop") que reforça
seu comportamento inicial. Eles têm efeito "bola de neve"
e são por definição incompletos.
No exemplo 1 mostrado nos
diagramas causais, um aumento na população causa
um aumento na taxa de nascimentos e esta por sua vez, também
causa um aumento na população, teremos uma população
crescendo cada vez mais rápido. Já o exemplo 3 que
considera a taxa de mortalidade tende a ser um ciclo de equilíbrio
conforme será visto a seguir, pois esta taxa quanto maior,
mais rápido diminuirá a população.
Este tipo de enlace é representado pela símbolo (+) no meio do ciclo.
Figura 9 - Diagrama causal do Exemplo 1
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Enlaces de equilíbrio
Os enlaces de equilíbrio promovem estabilidade, resistência
e limites e servem para descrever os mecanismos que os sistemas
utilizam para solucionar problemas. São conhecidos como elos
de retroalimentação negativos
já que são elos fechados cujos comportamentos são
caracterizados por oscilações, equilíbrio ou
busca por objetivo.
No exemplo 2 mostrado nos
diagramas causais temos um enlace de equilíbrio já
que se aumento a fome, aumento o consumo de comida, porém
o aumento no consumo de comida trará uma diminuição
da fome e faz com que este enlace tenda a um equilíbrio.
O exemplo 3 mostrado nos
diagramas causais mostra um enlace também de equilíbrio
no elo referente à população e número
de mortes. A população não vai crescer ou decrescer
indifinidamente, pois quanto maior seu valor, maior será
o número de mortes, porém o aumento no número
de mortes causará uma diminuição na população.
Este tipo de enlace é representado pela símbolo (-) no meio do ciclo.
Figura 10 - Diagrama causal do Exemplo 2
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Modelo mental
Segundo
Johnson-Laird, o centro
psicológico do conhecimento consiste em se ter um modelo
do fenômeno na cabeça. Esse modelo tem uma estrutura
de relação similar ao processo que ele modela.
A criança representa o mundo real construindo modelos
com símbolos (lembranças) e procurando exemplos
e contra-exemplos. Modelos mentais são ferramentas
para pensar.
Modelos mentais podem
ser adquiridos sem instrução prévia.
Assim, o conhecimento é implícito e sem possibilidades
para reflexão. Ou ainda, podem ser derivados de ensinamento,
de forma consciente e passíveis de reflexão.
Johnson-Laird diz que se
você tem idéia do que causa certo fenômeno,
os resultados que se obtém, como controlá-lo
ou alterá-lo, ou ainda, relacioná-lo com outros
fenômenos, você entende esse fenômeno porque
tem um modelo dele funcionando em sua mente.
Os modelos mentais são mais simples que os reais e
podem não ser completos ou tecnica e cientificamente
corretos mas eles existem para explicar ou ajudar a entender
situações do mundo real.
Segundo Rosalind Driver, várias são as interpretações
a respeito do que vem a ser um modelo mental: uma interpretação
simplista seria a de que um modelo mental é a representação
daquilo que se tem na mente. Assim, pensar envolve criação
e internalização de modelos simplificados da
realidade.
Para a Ciência Cognitiva, modelos mentais são
representações de um domínio que envolvem
previsões, explanações e simulações.
Caracterizam as formas pelas quais compreendemos os sistemas
com os quais interagimos.
Rouse
e Morris, na área de Supervisão e Controle
de Sistemas, dizem que um modelo mental inclui conhecimento
sobre o sistema a ser controlado, sobre as perturbações
prováveis de afetar seu funcionamento e estratégias
com a tarefa de controle. É um mecanismo para explicar
o funcionamento desse sistema e prever estados futuros.
Gentner
e Stevens compartilham da idéia de que o comportamento
de uma pessoa é melhor explicado em termos do conteúdo
de sua mente, de seus conhecimentos e crenças, independente
de quaisquer mecanismos mentais. Dessa forma, os modelos mentais
são construídos por analogia com sistemas mais
familiares.
Um outro pressuposto é o de que ao fazer previsões
ou explicar o funcionamento de um sistema a pessoa simula mentalmente
uma estrutura simbólica de componentes interligados.
deKleer e Brown acreditam
que uma pessoa ao manipular seus modelos mentais faz inferências
e previsões numa forma de simulação mental.
É como imaginar um programa de computador sendo rodado.
Os modelos mentais são elaborados conscientemente ou
inconscientemente baseados em estruturas semânticas. Representam
nossos conceitos sobre o mundo.
A teoria de modelos mentais de
Johnson-Laird diz que nossa habilidade em dar explicações
está intimamente relacionada com nossa compreensão
daquilo que é explicado, e para compreender qualquer
fenômeno ou estado de coisas, precisamos ter um modelo
funcional dele. Tais modelos são análogos aos
eventos que acontecem no mundo real, embora incompletos e não
tão fiéis. Mas permitem ao sujeito compreender
fenômenos e evntos, atribuir causalidade, tomar decisões
e controlar sua execução.
Alguns desses modelos são adquiridos através da
interação com o meio e com outras pessoas, pelas
experiências sensoriais. Outros, através da transmissão
de conhecimento e da cultura.
Carrol e Olson apresentam uma
outra definição para modelos mentais. Eles dizem
que um modelo mental é uma estrutura rica e elaborada
que reflete a compreensão do indivíduo sobre o
sistema, de como ele funciona e por que funciona daquela maneira.
É o conhecimento que o indivíduo tem sobre o sistema
que permite experimentar ações mentalmente antes
de executá-las.
Texto
extraído de Modelagem
Computacional na Educação
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