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Liderança em Gestão de Projetos
 
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O perfil psicológico do liderado e seu impacto na relação de liderança

 

Mônica Ferreira, NCE/UFRJ, B.Sc.
Mônica Ferreira da Silva, NCE/UFRJ,M.Sc.

     
 

PERFIS PSICOLÓGICOS

Desde que o ser humano existe, ele tenta compreender a si mesmo e a seus semelhantes; procura entender porque as pessoas são tão diferentes, mesmo aquelas que têm laços de sangue ou cresceram juntas na mesma casa. Por outro lado, porque às vezes, são tão parecidas pessoas que nunca tiveram contato anterior. As ciências do Comportamento Humano são efetivamente muito complexas. Progressos extraordinários têm sido observados. Contribuições notáveis para a melhoria da qualidade de vida das pessoas são percebidas a todo o momento.

De acordo com a Teoria dos Estilos (Wanderley, 1998), as pessoas podem ser agrupadas em quatro estilos básicos, definidos a partir de pares de características. O primeiro par é dominante-condescendente e o segundo, formal-informal. Sendo assim, algumas pessoas, segundo essa teoria, podem ser:

    - Dominantes, assertivas, incisivas, rápidas, diretas, dispostas a correr mais riscos e se     expor mais.
    - Condescendentes, ponderadas, indiretas, mas lentas e dispostas a correr menos riscos.

Também podem ser:

    - Formais, lógicas, racionais e mais centradas em si mesmas.
    - Informais, emocionais, mais voltadas para fora, para as outras pessoas.

Da combinação desses dois pares de características resultam quatro estilos comportamentais:

    - Catalisador (dominante-informal), também chamado de influenciador, expressivo, indutor     e sociável. Esse estilo possui a tendência de se mover em busca de alguma coisa e em     determinada direção, é mais voltado e atento para as outras pessoas e suas opiniões ou     impactos que causam. Sua principal necessidade é o reconhecimento.
    - Apoiador (informal-condescendente), também conhecido por cordial, afável e estável. A     tendência desse estilo é o de afastamento, agir para evitar algo. Sua principal necessidade     é a associação, pertencer e fazer parte do grupo.
    - Analítico (formal-condescendente), também denominado metódico, complacente e     escrupuloso. Possui a tendência de tomar decisões com os elementos que tem dentro de si,     sem buscar apoio em outras pessoas. Sua principal necessidade é a segurança.
    - Controlador (dominante-formal), também designado por dirigente, diretivo e realizador.     Tem como tendência principal a realização.

METODOLOGIA DE PESQUISA

O método utilizado para o projeto foi exploratório quanto aos objetivos, pois teve caráter de aprofundamento das idéias sobre o objeto de estudo. Quanto aos meios o método foi bibliográfico, com base no que já existe sobre o tema e utilizamos o estudo de caso com intenção de fortalecer o referencial bibliográfico pesquisado. Segundo Yin (1994), o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre os fenômenos e o contexto não estão claramente definidos. A presente pesquisa foi feita através de estudo de caso por possuir caráter de profundidade e detalhamento.

Foram entrevistados 04 (quatro) funcionários pertencentes a 02 (dois) departamentos distintos a fim de identificar os perfis comportamentais e como eles influenciam na aceitação dos estilos de liderança. Os funcionários escolhidos possuíam mais de 10 anos na empresa.

Mann (1979) salienta que “pareceria sensato ao estudar o homem, usar gente realmente viva como nossas fontes de dados”. O método de coleta de dados utilizado foi o da entrevista estruturada utilizando um questionário adaptado extraído de Wanderley (1998), a fim de identificar como cada indivíduo se autopercebe e como isso influencia na aceitação de determinado tipo de liderança.

Goode e Hatt (1972), afirmam que nenhuma quantidade de pensamento, não importa quão lógica seja a mente e brilhante a compreensão, pode substituir uma cuidadosa verificação empírica. Daí a importância em saber como o instrumento de coleta de dados se comporta em uma situação real através do pré-teste.

Foi realizado um pré-teste com intenção de verificar a adequabilidade e o grau de entendimento do questionário da pesquisa, tendo em vista este ter sido adaptado de Wanderley (1998). A partir do pré-teste identificou-se a necessidade de desmembramento de uma das questões, havendo assim melhoria no questionário.

A análise das informações coletadas foi feita de forma qualitativa buscando interpretar os dados coletados a partir da bibliografia levantada. Os perfis psicológicos foram quantificados quanto à percepção dos entrevistados.
Este estudo possui algumas limitações que devem ser levadas em consideração:
    - O questionário usado na pesquisa foi adaptado visando maior agilidade na coleta e     análise dos dados;
    - A análise do perfil comportamental foi baseada apenas na autopercepção dos     entrevistados.
    - O perfil psicológico medido é dinâmico, ou seja, muda de acordo com o contexto/humor     em que o entrevistado está inserido.
    - Só foi verificado um único modelo psicológico baseado em Freud.
    - Um estudo de caso é, por natureza, não generalizável para a população. Porém, permite     uma generalização teórica, robustecendo os conceitos estudados até então.

RESUMO DAS ENTREVISTAS

Entrevistada 1
Sexo: feminino Cargo: gerente Tempo de empresa: 21 anos. Descreveu como melhor líder o que a incentivou a aprender, a crescer profissionalmente, acreditava no seu potencial, dava responsabilidades e confiava que ela seria capaz de realizá-las. Não era limitador.
Como pior líder indicou o que a restringia, não acreditava no seu potencial, não considerava suas opiniões e limitava seu crescimento.
Perfil psicológico entrevistada: catalisador
Tipo de liderança que mais se adequa: democrático
Considerou o tipo de liderança autocrático como o pior líder.

Entrevistada 2
Sexo: feminino
Cargo: gerente financeiro
Tempo de empresa: 22 anos

A entrevistada descreveu como melhor líder o que primava pela igualdade entre os funcionários, defendia e procurava ouvir, não fazia distinção entre os funcionários e fazia com que eles se sentissem valorizados, pois acreditava que todas as funções eram importantes, desde os cargos mais simples até os níveis gerencias.
Como pior líder indicou o que não buscava ouvir, privilegiava as relações pessoais em detrimento do profissional, não havia comunicação.

Perfil psicológico da entrevistada: catalisador

Tipo de liderança que mais se adequa: Democrático
Considerou o tipo de liderança autocrático como o pior líder.

Entrevistada 3
Sexo: feminino
Cargo: gerente administrativo
Tempo de empresa: 25 anos

Descreveu como melhor líder o que passava as responsabilidades, mas orientava, acompanhava as atividades e explicava o porquê da mesmas. Para a entrevistada a característica principal desse líder era a disponibilidade que tinha em ouvir os funcionários e a preocupação com o crescimento profissional dos membros da sua equipe.
Como características do pior líder a entrevistada citou a falta de diálogo, falta de preocupação com a satisfação do funcionário, não objetividade e cobrança excessiva. .

Perfil psicológico da entrevistada: catalisador

Tipo de liderança que mais se adequa: democrático
Considerou o tipo de liderança autocrático como o pior líder.

Entrevistada 4
Sexo: feminino
Cargo: gerente
Tempo de empresa: 22 anos

Descreveu como melhor líder o que possuía audácia, era empreendedor, tinha visão do futuro , era dedicado e atento `as expectativas e necessidades dos funcionários.
Como pior líder indicou o que não se posicionava, sem visão do futuro, não valorizava o funcionário e não sabia ouvir.

Perfil psicológico da entrevistada: catalisador

Tipo de liderança que mais se adequa: democrático
Considerou o tipo de liderança laissez-faire como o pior líder.

Exemplo de gráfico de perfil psicológico - entrevistada 1

Vale ressaltar que o pré-teste foi feito em uma pessoa do sexo feminino e o perfil psicológico encontrado também foi o catalisador, sendo escolhido como melhor líder o democrático e como o pior líder o laissez-faire.

CONCLUSÕES

Após as entrevistas realizadas com 04 (quatro) funcionárias, atuantes em dois departamentos distintos, os resultados obtidos nos sugerem que as pessoas com os perfis catalisadores, indicaram o líder democrático, o que permite ao funcionário maior participação, compartilha o poder entre os seus superiores e demais empregados, como o que elas mais se adequam.

Em concordância com Wanderley (1998), as pessoas de perfil catalisador, que possuem a tendência a se mover em busca de alguma coisa e em determinada direção, são mais voltados e atentos para as outras pessoas e suas opiniões ou impactos que causam e como e como principal necessidade é o reconhecimento, além dos atributos do estilo, o líder deve ter em mente sobretudo a necessidade de reconhecimento e aspectos como novidade, liderança, rapidez e facilidade. O catalisador gosta de ser considerado uma pessoa única e singular.

Pudemos perceber que para o estilo catalisador o pior líder seria o autocrático, os líderes centralizadores, possessivos, que não permitem ao funcionário questionamentos e opiniões.

Das entrevistadas apenas uma indicou o líder laissez-faire como o pior líder.

Não foi possível, nessa investigação, verificar os demais perfis psicológicos, nem com quais tipos de liderança eles mais se adequam tendo em vista que o presente trabalho considerou apenas 04 (quatro) casos. Os resultados não podem ser generalizados uma vez que se trata de um estudo de caso com apenas 4 ocorrências.

Trabalhos futuros poderiam empreender uma investigação em maior âmbito, com um número maior de entrevistados para que se possa identificar todos os perfis psicológicos e sua relação com os tipos de liderança citadas no trabalho.

Outros temas que podem servir de base a novas pesquisas são:
    - Verificar se, em determinada empresa, há alguma relação entre o perfil psicológico e a     ocupação de cargos de gerência.
    - Verificar se ha alguma relação entre o estilo psicológico do líder e o do liderado, e se isto     influencia no julgamento de valor da liderança exercida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHIAVENATO, Idalberto, Hierarquia das Necessidades .1994
COUTINHO, Maria Teresa, Apostila de Gerência de Equipes, Programa Gerência de Projetos, Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004
GOODE, Willian J.; HATT, Paul K, Métodos em Pesquisa Social, 4a ed. São Paulo, 1972
HOLLANDA, Aurélio Buarque de, Dicionário da Língua Portuguesa, 2004
MANN, P.H, Métodos de Investigação Sociológica, 3a. Ed., Rio de Janeiro, Zahar, 1979.
RESENDE, Enio, A força e o poder das competências; conecta e integra, Rio de Janeiro, Qualytmark, 2004
RHINESMITH, Stephen, Guia gerencial para globalização, Rio de Janeiro, 1993
VERGARA, Sylvia Constant, Gestão de Pessoas, São Paulo, 1999.
WANDERLEY, Jose Augusto, Negociação Total, 4a. Ed., São Paulo, Gente, 1998
YIN, R. K., Applications of Case Study Research, NewburyPanrk: Sage, 1994

 

 

 
 
         
 
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