A tarefa de conceber e implementar
TI (Tecnologia de Informação)
tem sido, ao longo do tempo, uma árdua
e nem sempre bem sucedida empreitada. Geralmente,
os erros que levam a tal situação
começam já na fase de concepção,
e muitas vezes, só vão ser notados
em sua implantação.
Acreditamos que tais problemas, em sua grande
maioria, advenham da deficiência na comunicação
com o futuro dono da TI durante o trabalho de
entendimento de suas reais necessidades. E na
tentativa de diminuir tal deficiência,
adotamos a filosofia de primeiramente conhecer
com detalhes em que situação e
ambiente tal TI irá atuar a fim de determinar
melhor o seu perfil.
Essa filosofia consiste em construir TI (Tecnologia
de Informação) de forma ecológica,
ou seja, alinhada aos Processos de Trabalho
onde as mesmas atuarão. Acreditamos que
dessa forma estaremos produzindo exatamente
aquela TI que o nosso cliente necessita para
melhorar o desempenho na execução
de suas atividades, nem mais nem menos. Isso
significa entender e registrar os Processos
de Trabalho da Organização antes
de definir onde e que tipo de TI ela necessita.
É claro que ao desenharmos e documentarmos
os Processos de Trabalho de uma organização
vários outros benefícios podem
ocorrer, dentre eles estão: o entendimento
por toda a organização das atividades
desempenhadas em cada processo; o estabelecimento
do perfil adequado para o executante de cada
atividade; o surgimento de possíveis
melhorias nos processos, independentes de tecnologia;
etc.
Para conseguirmos levantar todo esse material
é imprescindível realizarmos um
trabalho conjunto entre o grupo de analistas
e desenvolvedores de TI e o grupo de pessoas
da organização em foco conhecedoras
dos Processos de Trabalho.
Com o passar do tempo percebemos que realizar
essa interação através
somente de reuniões inviabilizaria o
nosso intento já que:
- Nem sempre o cliente consegue disponibilizar
o seu pessoal na hora marcada. O que acaba por
desestimular os dois grupos de participantes;
- O material elaborado, com o tempo, passa a
agregar valor ao ambiente organizacional já
que documenta os seus trâmites e procedimentos;
Enfim, verificamos que precisávamos
dispor de um ferramental que possibilitasse:
- Disponibilizar, desde a documentação
dos Processos de Trabalho, até a especificação
dos Casos de Uso de TI que dariam suporte às
atividades destes processos;
- Servir como meio de comunicação
entre o grupo de TI e o grupo cliente, através
de um trabalho cooperativo;
- Servir como repositório de informações
relevantes para o desenvolvedor de TI;
- Buscar um forte comprometimento de cada membro
dos dois grupos envolvidos, atribuindo responsabilidades
pelo conteúdo de cada documento gerado,
além da responsabilidade pela participação
no andamento dos trabalhos.
Buscamos, a princípio, uma solução
no mercado, que logo foi descartada por três
questões fundamentais: falta de recursos
na época para investir na compra; importância
da viabilização do trabalho cooperativo,
via recursos computacionais; criação
do nosso próprio padrão para especificação
de Casos de Uso e de especificação
de métodos para as classes de objetos
onde houvesse também auxílio de
hiperlinks.
A solução adotada foi desenvolver
a FEMAC - Ferramenta de Exibição
de Modelos e Apoio ao Cliente. Ela gera um site
onde parte das informações provém
dos modelos produzidos pelo Provision, que tem
sido a ferramenta com a qual fazemos a modelagem
dos Processos de Trabalho.
A FEMAC permite ao usuário navegar pelos
modelos ou diretamente por listas, possibilitando
dessa forma uma compreensão completa
desde o Processo de Trabalho até a especificação
dos Casos de Uso que darão apoio a esses
Processos de Trabalho. A ferramenta apresenta
dois níveis de detalhes: o primeiro destinado
ao cliente e ao analista de negócios
e o segundo destinado ao desenvolvedor de TI.
Quanto à especificação
de Casos de Uso, criamos uma página com
um padrão específico contendo
essencialmente: identificação,
histórico, Processos de Trabalho e grupo
de pessoas da organização a que
atende; pré-condições de
uso; fluxo principal, fluxos alternativos e
fluxos de exceção que executa;
pós-condições de uso; notas
de implementação; e regras de
negócio a obedecer.
A FEMAC possui também um tutorial, que
além de orientar o usuário no
seu uso, contém um glossário com
todos os termos e jargões inerentes ao
negócio do cliente. Vale ressaltar que
este Glossário está em continuo
processo de construção/revisão.
Para funcionar como ferramenta de colaboração,
foram introduzidos nesta primeira versão
alguns recursos específicos tais como:
- Uma página de notícias onde
são exibidas informações
de interesse geral sobre o andamento dos trabalhos;
- Um fórum de discussão onde,
após analisar ou elaborar determinado
documento, qualquer membro de ambos os grupos,
cliente ou desenvolvedor, pode catalogar questões
a serem respondidas por qualquer um que detenha
o conhecimento necessário sobre o assunto
em questão;
- Dentro da especificação dos
Casos de Uso os dois grupos podem também
formular e/ou responder a dúvidas pertinentes
ao Caso de Uso em questão e fazer observações
específicas através de e-mail
ou utilizando-se do Fórum;
- Além disso, todos podem ter noção
de como anda o trabalho através de um
quadro que indica o andamento das especificações,
desde sua concepção até
a sua liberação para uso; quem
é o responsável por cada fase,
seu início e seu término, etc.
Cada especificação de Caso de
Uso contém também hiperlinks para
protótipos de interface, regras de negócio,
métodos das classes de objetos que manipulam
(sendo estes últimos só visíveis
pelos desenvolvedores), etc.
Sua primeira versão já se encontra
em uso pela Pró-Reitoria de Planejamento
e Desenvolvimento da UFRJ com o objetivo de
construirmos um Sistema de Informação
para o trabalho de Gestão Orçamentária.
Após sua implantação relacionamos
um conjunto de melhorias que pretendemos implementar
nas próximas versões.
Esperamos que a sua implantação
traga um maior estímulo ao cliente no
que tange ao trabalho de colaboração
bem como um reaquecimento nas interações
através de reuniões presenciais.
Só que estas reuniões agora tenderão
a ser mais produtivas já que o cliente
poderá estudar previamente determinado
documento, fazer suas anotações
iniciais e refiná-lo junto com o desenvolvedor,
a qualquer hora, antes que uma reunião
tenha que ser agendada.
A concepção e a implementação
dessa ferramenta pelo grupo IPÊ se deve,
não só à experiência
que este vem adquirindo com a aplicação
desta filosofia na construção
de TI nos últimos três anos, mas
certamente também pelo trabalho de colaboração
que tem desenvolvido com o professor Amauri
Marques da Cunha no LIPO (Laboratório
de Informatização de Processos
das Organizações). Esta experimentação
aqui relatada foi divulgada no informativo técnico
do NCE – Conceito de julho/agosto de 2005,
n° 1 - no artigo “Como Melhorar as
Soluções de TI através
do Conceito de Processo de Trabalho” que
pode ser visto em: http://www.nce.ufrj.br/conceito/artigos/2005/05-1.htm.
Agradecemos também o treinamento recebido
do professor Jonas Knopman em UML e orientação
a objetos.
Equipe:
André Felipe Engelbrecht Ferreira
Antônio César do Nascimento
Edmilson Marques da Silva
Irene Madeira Garcia Menezes
Luis Carlos Lopes Silva Junior
Lynton Lara Espinoza
Márcia Cristina de Andrade Soeiro
Rafael Elias de Lima Escalfoni
Ronaldo Pinheiro de Souza
Vanessa Salim Taouk
Victor César Paixão Santos
Vitor Pires Lopes
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