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Concepção de Sistemas de Informação
 
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Como Melhorar as Soluções de TI através do Conceito
de Processo de Trabalho

 


Amauri Marques da Cunha, Ph.D.
Pesquisador NCE/UFRJ

Irene Madeira, M.Sc.
Analista de Sistemas NCE/UFRJ

Gilberto Quirgo de Souza
Professor Universidade Católica de Petrópolis

 

O desenvolvimento de sistemas de informação computadorizados tem sido feito, de maneira geral, com o objetivo de atender à demanda pela “automação” de algumas atividades nas organizações. Este foco de aplicação de TI nem sempre produz os resultados desejados em termos de melhoria da produtividade e da qualidade nos processos do negócio da organização. Uma das facetas mais conhecidas desta questão é a chamada “crise do software”, que ainda perdura apesar de todos os recentes avanços tecnológicos.

O que motiva essa insatisfação dos ambientes organizacionais com as soluções de TI, que na maioria das vezes são demasiado caras e/ou não atendem às reais necessidades das organizações?

É importante observar, que qualquer adoção de informatização implica em mudança em pelo menos algum processo da organização. Caso isto não tenha sido levado em conta durante a análise e desenvolvimento da solução de TI, podem ocorrer inadequações e decepções que só reforçam as estatísticas da crise do software.

Na verdade, as próprias organizações têm tido muita dificuldade de lidar com o termo “processo”, o que gera uma grande confusão conceitual. Em certas situações, coisas amplas e complexas são chamadas de “processos” ou até de “macro-processos”; em outras, coisas simples são chamadas de “processos”, quando poderiam ser utilizados termos mais específicos como “atividades” ou “tarefas”. Também são comuns afirmações do tipo: “a organização passa por um ‘processo’ de adaptação a uma nova situação”. Diante de tanta ambigüidade a respeito da definição e uso do termo ‘processo’, e da necessidade de aplicar TI justamente nele, é vital criar um referencial conceitual para o seu entendimento.

Define-se Processo de Trabalho como algo constituído por um conjunto de atividades que devem ser executadas para produzir pelo menos um resultado identificável e utilizável por um ente denominado cliente do processo de trabalho. O Processo de Trabalho tem fronteiras claramente identificadas pelas suas entradas e saídas. Cada saída é denominada de um resultado do processo de trabalho. Cada entrada é denominada de um acionamento do processo de trabalho.

Para se identificar claramente um Processo de Trabalho, é preciso caracterizar, em primeiro lugar, o que se espera como seu resultado, isto é, quais são de fato os seus produtos finais. A partir disso, é possível investigar e obter os acionamentos necessários para iniciar o processo, isto é, quem aciona e o que é fornecido como entrada, possibilitando sua execução e a conseqüente geração de resultado.

Esses mesmos conceitos devem ser aplicados também para as atividades que constituem o Processo de Trabalho, identificando para cada atividade os seus respectivos resultados e acionamentos.

Um método, composto de três fases, pode ser estabelecido para aplicar Processo de Trabalho na concepção de soluções de TI:

Na primeira fase, deve ser alcançado um bom entendimento do contexto organizacional do problema a ser resolvido, através da modelagem dos Processos de Trabalho pertinentes.

Durante a segunda fase devem ser propostas e realizadas melhorias nos Processos de Trabalho, que independam de mudanças na utilização de TI.

Apenas na terceira fase é que as melhorias habilitadas pela TI devem ser propostas, eventualmente aceitas e implementadas.

Este tipo de método tende a gerar soluções de TI inteiramente alinhadas com os negócios da organização, uma vez que a função dos Processos de Trabalho deve ser exatamente a de operacionalizar tais negócios.

Na área de pesquisa em Informática, e especialmente na abordagem geral da MDA (Model Driven Architecture), o conceito de Processo de Trabalho pode ser utilizado para construir modelos de negócio que sejam mais rigorosos do que os atualmente existentes, na camada CIM (Computer Independent Model), de onde são extraídos os requisitos dos sistemas de TI que alimentam as especificações da camada PIM (Platform Independent Model).

A fim de validar as experiências teóricas já realizadas em cursos e exercícios acadêmicos, estão atualmente em andamento no NCE – no âmbito do projeto IPÊ (Integração para Planejamento Estratégico) – experimentações práticas de diretrizes de modelagem e tratamento com Processos de Trabalho, as quais devem chegar até o projeto e implantação de soluções de TI. A analista Irene Madeira é a responsável por este projeto no âmbito da Área de Sistemas de Informação (ASI) do NCE. Desta maneira, pretende-se o estabelecimento de um Processo de Trabalho para o próprio profissional que utilize este conceito para analisar e propor soluções de TI. O desenvolvimento de tal processo poderá – e deverá – ensejar a criação de diretrizes comportamentais e gerenciais, e ainda ferramentas computacionais para a melhoria da qualidade e da produtividade dos projetos de TI.

Com a finalidade de atingir esses objetivos, e de reunir algumas iniciativas nesta linha de pesquisa dentro do NCE, está sendo criado o Laboratório de Informatização de Processos das Organizações (LIPO), sob a coordenação do professor Amauri Marques da Cunha. A idéia é que o LIPO seja um laboratório parcialmente virtual, onde trabalhos de pesquisa aplicada direcionada para a confecção de teses de mestrado e projetos de final de curso de graduação possam conviver com experimentações práticas de projetos reais, como o Projeto IPÊ do NCE e projetos de outras organizações e grupos que já manifestaram a intenção de participar.

Mais informações a respeito do LIPO e de alguns resultados preliminares já alcançados, podem ser obtidos através do e-mail: conceito@nce.ufrj.br.

   
 
         
 
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