Perfis variados

Os trinta melhores colégios da cidade têm
algo em comum: excelentes professores

Lívia de Almeida

 
André Nazareth/Strana

Informática no Colégio Santo Inácio: escola jesuíta conseguiu destaque em todos os itens pesquisados

Em tempos de internet, a pesquisa Veja Rio comprova uma tese bastante conhecida: o que faz a diferença entre uma escola boa e uma medíocre são os professores. Apesar da introdução de novas tecnologias, das instalações cada vez mais sofisticadas, o sucesso ou o fracasso de um projeto pedagógico depende fundamentalmente da interação entre professor e aluno na sala de aula. "Uma equipe coesa que compartilha o mesmo projeto pedagógico é determinante para a qualidade de ensino. É fundamental também investir na formação permanente dos docentes", afirma Maria Helena Guimarães, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Outra constatação do levantamento: é preciso um bom tempo para se ter uma escola de qualidade. A mais nova entre as dez primeiras do ranking foi fundada há nove anos. A mais antiga, há 143.

Quando o assunto é educação, as discussões são sempre apaixonadas. Construtivistas contra adeptos do método tradicional; disciplinadores versus defensores de um clima de liberdade, e os que buscam uma formação humanista em oposição aos pragmáticos. Para estabelecer um método de avaliação que possa comparar estabelecimentos de ensino tão diversos é necessário fugir desse clima passional e se ater a parâmetros claros, que possam ser analisados sem a influência de nenhuma ideologia. Por isso, o fato de determinada escola não constar da lista abaixo não quer dizer que ela ministre um ensino de má qualidade. Significa apenas que essas são as trinta melhores da cidade de acordo com critérios objetivos, estabelecidos após entrevistas com diretores, professores, pedagogos e psicólogos, e com as respostas ao questionário Veja Rio fornecidas pela direção das escolas.

 
CLASSIFICAÇÃO

Colégio Santo Inácio

87,1
Colégio Cruzeiro
79,4
Liceu Franco-Brasileiro
78,0
Escola Dinâmica Ensino Moderno
76,3
Colégio Andrews
75,6
Colégio São Vicente de Paulo
75,0
Centro Educacional Anysio Teixeira
73,5
Colégio pH
71,4
Colégio de São Bento
71,1
10º Colégio Santo Agostinho
68,2  
11º Santo Agostinho – Barra
67,3  
12º Colégio Marista São José
66,4  
13º Escola Eliezer Steinbarg/ Max Nordau
66,4  
14º Colégio Santa Marcelina
66,1
15º Colégio Piedade
65,5
16º Instituto Metodista Bennet
64,9
17º Colégio Liessin
64,1
18º Anglo-Americano
63,8
19º Colégio Rio de Janeiro
62,8
20º Sociedade Educacional Monteiro Lobato
62,8
21º Colégio da Cidade – Unidade Ipanema
62,4
22º Colégio Santa Dorotéia
61,8
23º Centro Educacional Lagoa Unidade Humaitá
61,6  
24º Colégio Princesa Isabel
61,5  
25º Colégio Sagrado Coração de Maria
61,5  
26º Colégio Barilan
61,2  
27º Escola Dinamis
61,1  
28º Colégio Gama Filho – Unidade Jacarepaguá
60,6  
29º Colégio Luís de Camões
60,5  
30º Colégio de Integração Comunitária
60,2

Entre elas, há instituições com os mais variados perfis. Religiosas, leigas, grandes, pequenas, conservadoras e liberais. Algumas se preocupam em engajar as crianças e adolescentes em trabalhos sociais. Outras dão ênfase ao ensino de idiomas ou oferecem um grande número de atividades esportivas. Existem as que funcionam em regime de período integral para algumas séries, como o São Bento e o Cruzeiro. E há ainda aquelas que priorizam a preparação para o vestibular. Tão diferentes entre si, essas trinta escolas têm em comum professores bem remunerados e estáveis, que se reúnem freqüentemente para avaliar e planejar as aulas – e recebem para isso. Nessas instituições, há mais profissionais que trabalham em regime de exclusividade e maior incidência de mestres e doutores. Mas tudo isso ainda não é o suficiente. É preciso que o corpo docente tenha uma estrutura adequada dando sustentação do lado de fora da sala de aula. "O ato de educar pressupõe uma aliança entre alunos, professores, funcionários e pais", diz Emília Santos, diretora do Centro Educacional Anysio Teixeira. Um bom número de coordenadores, cursos para que possam utilizar a informática como instrumento efetivo de aprendizagem, palestras com especialistas para aprimorar métodos pedagógicos. Todos esses itens, em menor ou maior grau, foram encontrados pela pesquisa Veja Rio nesses colégios.

 
Dilmar Cavalher/Strana

Alunos do Andrews visitam exposição no Museu Nacional: atividades extraclasse também são importantes

Em uma disputa bastante acirrada, o grande campeão foi o Colégio Santo Inácio (veja reportagem). O colégio da Companhia de Jesus destacou-se em todos os itens pesquisados. Professores, pedagogia, instalações, segurança. Alcançou 87,1 dos 100 pontos possíveis e conquistou o primeiro lugar. Seus professores estão entre os mais bem remunerados do mercado e recebem incentivos para desenvolver projetos de pesquisa e fazer especializações. A reconhecida qualidade do ensino do Santo Inácio garante à escola um lugar entre as mais procuradas da cidade. Neste ano, a relação candidato/vaga em seu concurso de acesso foi superior a quatro para uma.

É importante ressaltar que a diferença no desempenho das melhores não foi grande. As 26 primeiras da lista alcançaram mais de 70 pontos. Entre as trinta mais eficientes, nenhuma teve pontuação abaixo de 60. Todas elas alcançaram um patamar de excelência que as coloca em posição de superioridade entre os 200 estabelecimentos de ensino que responderam ao questionário. Além de contarem com ótimos professores e darem condições para que eles possam desenvolver seu trabalho, elas mantêm uma grade curricular equilibrada, com bom número de atividades artísticas e esportivas, utilizam vários instrumentos para a avaliação e respeitam um limite adequado de alunos por sala, o que permite um acompanhamento personalizado de cada criança ou adolescente. Dispõem de laboratórios, quadras e ginásios esportivos, computadores, bibliotecas e demais equipamentos necessários para que alunos e professores possam atingir o máximo de eficiência. Para completar, mantêm ainda bons canais de comunicação com os pais.


Os pedagogos e estudiosos da educação falam muito atualmente sobre a necessidade de a escola preparar para a vida, e não apenas transmitir informações. Adotado por nove em cada dez colégios, o construtivismo prega que o conhecimento precisa ser construído pelo aluno. Segundo essa teoria, o professor deve auxiliar nesse processo, fazendo com que a criança tenha capacidade e espírito crítico para filtrar um número cada vez maior de informações. Não se pode esquecer, entretanto, que estudar envolve esforço, trabalho. Não basta que a criança esteja feliz no colégio, embora esse também seja um fator importante. Lembre-se de que, muitas vezes, os benefícios propiciados pela instituição só serão percebidos muitos anos depois de o aluno deixar as carteiras escolares. "A boa escola aposta em alguém que vai transformar a sociedade", diz a professora Ana Lúcia de Almeida Soutto Mayor, vice-diretora do Colégio de Aplicação da UFRJ.

Além de originarem o ranking das melhores, as noventa questões do questionário Veja Rio permitiram que se produzisse uma radiografia inédita da rede particular do Rio de Janeiro. Afinal, nos 200 colégios que participaram do levantamento estudam 146.302 crianças e jovens, mais de 50% do total de 279.800 que cursam os ensinos fundamental e médio nas escolas particulares da cidade. Nas tabelas apresentadas ao longo desta edição, o leitor poderá ter um quadro nunca antes realizado sobre professores, pedagogia, instalações, disciplina e segurança.