|
|
|
 |
|
A
CAMPEÃ DO ENSINO MÉDIO
O
Magnum Agostiniano é jovem e
eficiente
Com apenas
sete anos de funcionamento, o colégio ganha o título de a
melhor instituição de ensino médio da cidade
Lívia de Almeida
Fotos Nélio Rodrigues
 Xadrez no
Magnum: item do currículo para incentivar o raciocínio e a
concentração |
Quem vive nas imediações da Rua São Gonçalo, em Cidade Nova,
acompanha facilmente o cotidiano do Colégio Magnum Agostiniano, que
oferece o melhor ensino médio da capital mineira, segundo a pesquisa
VEJA Belo Horizonte-Ipsos Marplan. Os muros que
tradicionalmente costumam cercar os educandários ali deram lugar a
grades que desvendam o burburinho do recreio e a agitação nas
quadras esportivas. Trocar a impenetrabilidade dos muros pela
transparência das grades foi uma opção que revela um pouco do que
pensava o diretor-geral José Bruña Alonso ao fundar a escola, em
1995. "Queria comandar uma escola aberta, que estivesse em
permanente contato com as famílias e as comunidades", conta. Alonso,
um ex-padre, deixou o posto de diretor-geral do Colégio Santo
Agostinho em 1994, depois de 34 anos de casa. Ao sair, acabou
adquirindo a unidade de Cidade Nova. Nascia o Magnum Agostiniano,
uma instituição católica administrada por leigos. "As escolas
religiosas vivem uma crise, pois têm dificuldade de mudar seu estilo
de gerência", ele diz. "Organizei o Magnum para ser uma empresa
dinâmica e inovadora, com personalidade própria."
 Aula de
biologia na Fundação Zoobotânica: ênfase no trabalho de campo
|
No comando, Alonso fez bem mais que derrubar
muros e mudar o nome. Para começar, investiu em uma completa
modernização das instalações, implantando bem equipados laboratórios
de física, química e informática. Até então, as aulas práticas de
ciências limitavam-se ao laboratório de biologia, que por sua vez
também foi modernizado. Hoje um computador acoplado ao microscópio
do professor permite que toda a turma acompanhe suas explicações por
uma tela de televisão. O parque esportivo, que inclui duas piscinas
aquecidas e quadras, ganhou um ginásio com 2 500 lugares, batizado
com o nome do diretor-geral, um veloz ponta-direita que chegou a ser
sondado pelo Atlético Mineiro nos tempos em que ainda usava batina.
A educação infantil ganhou um prédio novo, o Magnito, com playground
futurístico, brinquedoteca, cozinha pedagógica e jogo de xadrez
gigante.
A infra-estrutura renovada caiu nas mãos de uma
equipe altamente experiente, herdada do Santo Agostinho Cidade Nova,
que se reúne com freqüência para discussões, avaliação e
desenvolvimento de projetos multidisciplinares: no ano passado foram
mais de 100 horas de reuniões. "As mudanças foram incrivelmente
rápidas e contaram com a participação dos docentes", diz Marta
Teixeira, professora de português veterana dos tempos do Santo
Agostinho. "Agora temos a nosso alcance todos os recursos, do giz à
internet." Na sala dos professores, além de água e cafezinho,
existem computadores. As notas de testes e provas são lançadas na
internet assim que as avaliações são corrigidas e podem ser
acessadas pelos pais. As boas condições de trabalho são coroadas por
salários bem acima da média praticada na cidade. Um professor de
ensino médio não ganha menos de 3 000 reais para uma carga de 22
horas semanais, que embutem aulas, planejamento e atendimento a pais
e alunos. Mais da metade do corpo docente trabalha exclusivamente na
escola.
Independentemente da série em que lecionam, os
professores são estimulados a sair a campo com suas turmas. Lições
de matemática acontecem no supermercado, visitas à Fundação
Zoobotânica ilustram aulas sobre ecologia ou cadeia alimentar e
encontros na Assembléia Legislativa dão a partida em debates sobre o
processo eleitoral brasileiro. Em uma semana típica, contabilizam-se
dezesseis saídas a campo. Em sala de aula, também existe terreno
fértil para a criatividade dos professores. O professor de biologia
do 3º ano do ensino médio, Marco Antônio Barbosa, trabalha com casos
práticos, fazendo a tipagem sanguínea de todos os alunos de sua
turma. No laboratório, seus alunos usam massa de moldar para
reproduzir os diferentes tecidos do corpo humano. "No Magnum, tenho
a liberdade para criar aulas diferentes e programar atividades
extraclasse", afirma Barbosa. As apostilas foram removidas das
mochilas dos jovens. "Queremos que o aluno leia livros", afirma José
Alonso. "Apostilas não levam o estudante a pensar, a desenvolver a
análise e o senso crítico."
 O
diretor-geral José Alonso: preocupação em integrar a escola à
comunidade |
Para os alunos, a transformação do Santo
Agostinho em Magnum Agostiniano significou trabalho extra. "Senti
que o nível de exigência aumentou imediatamente", conta Igor dos
Santos Fischer, 18 anos, que entrou no Santo Agostinho em 1990 e
continuou no Magnum até passar em quarto lugar no vestibular para
ciências contábeis na Universidade Federal de Minas Gerais, no ano
passado. "A gente logo percebeu que precisava passar mais tempo
estudando."
"Nós levamos o aluno a estudar bastante",
reconhece o diretor de ensino, Eldo Pena Couto. Além das tarefas
diárias, cada estudante recebe mensalmente um bloco de exercícios
denominado Atividades Avaliadas Enriquecedoras, questões que
envolvem várias disciplinas e exigem criatividade para sua
resolução. Alunos relapsos acabam levando para casa trabalho
adicional, conhecido como Bloco de Atividades Não Cumpridas.
"Deixamos os limites claros para os alunos para que eles saibam que
têm um compromisso com a escola e que serão cobrados por isso",
garante Eldo. Até a 7ª série, as avaliações não têm hora para
acontecer – uma maneira de estimular o hábito do estudo diário.
Depois, tornam-se semanais. Quem sente dificuldade em acompanhar o
ritmo participa do projeto de aulas de reforço denominado Aprender
Juntos. Grupos com, no máximo, dez integrantes são orientados pelos
professores da turma, fora do horário de aulas habitual. "Não
deixamos ninguém abandonado à beira do caminho", diz José Alonso.
Até a 8ª série, o Magnum tem turmas de manhã e
de tarde, com horário integral opcional. O ensino médio possui carga
horária puxada, com 34 horas semanais, com aulas todas as manhãs e,
duas vezes por semana, à tarde. Nos dois primeiros anos, os
estudantes têm a oportunidade de estudar dois idiomas: inglês e
espanhol. Aulas de redação e filosofia também enriquecem a grade
curricular mesmo durante a preparação para o vestibular. O trabalho
social, estimulado durante toda a vida escolar, não é deixado de
lado no fim do curso. "Procuramos atender à demanda das famílias,
mas não limitamos a 3ª série a ser apenas uma boa preparação para o
vestibular", afirma o diretor Henrique Pinto dos Santos. Todos os
anos, o colégio é praticamente embrulhado por faixas, cada uma com o
nome de um aluno aprovado. Em 2002, 92% dos que se inscreveram para
o vestibular conseguiram garantir seu lugar na universidade.
A comunidade demonstrou seu apoio às mudanças
em números eloqüentes. Dos 1 700 alunos de 1995, o colégio conta
agora com 3 632, matriculados em turmas da educação infantil ao
pré-vestibular. Desde então, suas instalações encamparam uma série
de sobrados vizinhos, que abrigam a administração. Há dois anos, foi
inaugurada uma segunda unidade, o Magnum Agostiniano de Buritis, que
pertence a um grupo diferente de sócios. Em Cidade Nova, o Magnum
original oferece aos pais a conveniência de concentrar em um só
lugar variadas atividades para a criançada. Sem custo adicional, é
possível ter aulas de música, teatro e participar de três corais e
uma orquestra. O xadrez faz parte do currículo: é ensinado desde os
tenros anos da educação infantil até o ensino médio, por estimular a
concentração e o raciocínio. Dentro do colégio funciona também um
curso de inglês e escolinhas de esporte que atendem 850 crianças de
4 a 14 anos, com iniciação em futsal, vôlei, ginástica olímpica e
acrobática, entre outras modalidades. "Aqui o aluno tem condições de
descobrir todas as suas potencialidades, tanto na sala de aula
quanto fora dela, nas artes plásticas, nos esportes, no teatro e na
música", diz o diretor-geral. "Não podemos nos dar ao luxo de
desperdiçar talentos."
|