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Edição Especial . 22 de maio de 2002
 
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BILÍNGÜES

Mundo à parte

Brasileiros recorrem a colégios muito
especiais em busca de fluência em
idiomas e educação globalizada

Denise Silva


Nélio Rodrigues
Crianças na biblioteca da Fundação Torino: opção de ensino internacional

Criadas originalmente para atender filhos de estrangeiros de passagem pelo país, as escolas bilíngües acabaram se tornando uma opção muito procurada por famílias dispostas a pagar caro para que seus filhos adquiram fluência em idiomas e estejam habilitados a completar os estudos no exterior. Hoje, os brasileiros já representam a grande maioria das matrículas desses colégios.

Na Escola Americana de Belo Horizonte, fundada em 1956, 70% dos 142 estudantes são brasileiros. Eles vivem em um mundo à parte. O calendário é igual ao dos EUA. O ano letivo começa em agosto e as crianças são alfabetizadas simultaneamente em inglês e português. No ensino fundamental, com exceção de história, geografia e português, todas as disciplinas são ministradas em inglês. As turmas são reduzidas, com no máximo dezoito alunos. Manter um filho na Escola Americana custa caro. As mensalidades variam entre 1 313 e 1 513 reais, quase o triplo do que as mais renomadas escolas de Belo Horizonte. O colégio só aceita novos alunos até a 7ª série. "Os candidatos devem ter domínio de inglês", diz o vice-diretor, Gary Walker.

Durante 36 anos, a Escola Americana foi a única opção de escola internacional em Belo Horizonte. A situação mudou apenas em 1992, quando a Fundação Torino, criada em 1974 para atender apenas filhos de executivos do grupo Fiat, abriu suas portas às crianças brasileiras. A procura foi grande, e elas rapidamente se tornaram maioria – atualmente ficam com quase 80% das 850 vagas. As mensalidades variam de 418 a 605 reais. A infra-estrutura é invejável. Todas as salas possuem TV e vídeo e os laboratórios são muito bem equipados. A carga horária é elevada – de 35 a quarenta horas semanais no fundamental. Além do italiano, idioma no qual é lecionada a maior parte das matérias, os alunos aprendem inglês e espanhol. No ensino médio, o estudante tem três opções: o Liceo (três anos de duração), o curso de especialização em Técnicas Comerciais ou o de especialização em Técnicas de Turismo. Os dois últimos têm quatro anos de duração. Independentemente do escolhido, os alunos saem aptos a ingressar em qualquer universidade européia. "Preparamos nossos alunos para o mundo globalizado", diz Fausto Bolzoni, diretor da instituição.

Novos estudantes são aceitos da educação infantil à 1ª série do ensino médio e os testes de seleção são concorridos. No fim do ano passado foram 173 inscritos e 111 selecionados. Como o colégio segue o calendário europeu, com início das aulas em agosto, os candidatos aprovados participam de um curso de fevereiro a julho, no qual aprendem intensivamente a língua italiana.

Mas será que vale a pena matricular o filho em um colégio bilíngüe? "O estudo de línguas estrangeiras é importante, leva o aluno a entrar em contato com uma cultura diferente", afirma Ceres Prado, professora da Faculdade de Educação da UFMG. "O que preocupa é o fato de alguns pais colocarem seus filhos em escolas estrangeiras apenas por uma questão de status." Outro problema apontado pelos especialistas vale para quem não pretende prosseguir os estudos no exterior, mas cursar uma faculdade brasileira. Como as matérias do currículo brasileiro não têm o mesmo peso nessas instituições, o candidato pode enfrentar problemas no vestibular. "Tive dificuldade em química", admite o ex-aluno Marcelo Gontijo, que prestou vestibular para engenharia elétrica.

Por outro lado, não há dúvida que as bilíngües são ótima opção para quem pretende fazer curso superior fora do país. "Meus filhos receberam atenção individualizada, falam inglês com perfeição e possuem boa base para estudar no exterior", aprova Rodrigo Damásio, pai de dois jovens que cursaram a Escola Americana e hoje estudam nos Estados Unidos.

 

TOME NOTA

Se a intenção do seu filho é prosseguir os estudos em uma universidade no Brasil, talvez uma escola bilíngüe não seja a melhor opção. Embora ofereçam um ensino de ótima qualidade, essas instituições não priorizam a preparação para os vestibulares nacionais.

     
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